sábado, 13 de março de 2010

Chora, me liga, implora ...

Rafael Castello Branco


Até essa última semana pensei que certas coisas eram difíceis de ser manipuladas. Na quarta-feira, quando saí da palestra do Sérgio Cabral, na PUC, a discussão era sobre as lágrimas do governador. Eu deixei claro que não acredito que uma pessoa consiga chorar quando bem entender, ou seja, forçar. Até aquele momento, para mim, isso era humanamente impossível.

Poucas horas depois, ao ler uma notícia no Globo.com, descobri que Cabral havia declarado, em uma entrevista concedida após a palestra, que tinha chorado durante o discurso. Logo que eu li essa declaração, me arrependi de ter defendido o governador. Eu acreditava que, por estar defendendo o Rio de Janeiro da polêmica decisão da Câmara dos Deputados de dividir os royalties do petróleo igualmente entre todos os estados brasileiros, Cabral tinha toda a razão de estar irritado e, consequentemente, ter deixado escapar algumas lágrimas. Afinal, o Rio é responsável por 85% da produção do "ouro negro"! Mas agora vejo que política é política. O nosso governador deu um golpe de mestre, depois de duas horas de PURA politicagem (o detalhe é que o tema da palestra era sobre as perspectivas para o Rio no século XXI). Cabral mostrou que sabe mesmo fazer política, usando aquele espaço para fazer campanha, diante da "elite formadora de opinião", como ele, de forma correta, caracterizou os alunos presentes na palestra.


Foto: Portal PUC-Rio/ Mauro Pimentel

Enquanto na política Cabral se mostrou inteligente, na educação foi um péssimo exemplo. O governador, diante dos olhos do reitor da universidade, deixou escapar palavrões, inclusive "reclamando" de uma pergunta capciosa realizada por uma aluna. Tudo bem que educação não é parâmetro na política, vide o nosso presidente, mas um pouquinho de bom senso não faz mal a ninguém. Muito pelo contrário.

P.S: Gostaria de registrar uma coisa que ouvi. Soube que a repórter do jornal O Globo, SIM, O GLOBO, que cobria o evento, saiu antes do término do mesmo. Conclusão: A sua irresponsabilidade quase resultou na perda da principal parte da palestra, visto que o choro do governador foi no fim do discurso.

Um comentário:

  1. Pois é,com Gabeira na frente e Garotinho mordendo seu calcanhar,so restou ao PMDB - com o ator Ibsen- levar esse projeto a plenario para acontecer o que aconteceu. CABRAL NA MIDIA!
    Vamos ver o que o Senado vai aprontar.
    Aposto que nao vao votar antes das eleições ou ao vetar direto o projeto,tudo para alavancar a candidatura Cabral.O DEFENSOR DO RIO!

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