segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Os dois lados da imaturidade.

Rafael Castello Branco

Que o futebol brasileiro vive uma fase pragmática e sem muito brilho, isto é inegável. Porém, a cada ano que passa, ao menos um clube nacional enche os olhos do torcedor com jogadores habilidosos, passes rápidos e jogadas extraordinárias. Em 2010, foi o Santos que ocupou este patamar. Jogando um “futebol moleque” e comandado pelo grupo formado por Robinho, Neymar, Paulo Henrique Ganso e André, o alvinegro parecia não se conformar com placares pequenos. A busca incessante pelo ataque e a transformação do futebol em uma mera brincadeira de criança encantou torcedores de todos os clubes. Porém, a infantilidade, ora atraente dos “meninos da Vila”, passou a jogar contra os jovens promissores.


Um pouco antes do recesso para a Copa do Mundo da África o Santos já demonstrava sinais de fraqueza. O futebol já não era tão vistoso e os jogadores perdiam a genialidade. É óbvio que isso tem explicação: o sucesso meteórico e o grande papel de “mãe coruja” exercido pela mídia. Jovens jogadores vangloriados pela imprensa naturalmente sentem a pressão de serem famosos. Porém, junta-se ao natural processo da má fase a falta de maturidade dos meninos da Vila. Primeiro, o atacante André acerta com o modestíssimo Dinamo de Kiev, da Ucrânia, quando que, se esperasse um pouco mais, certamente iria para um dos gigantes europeus. (Um breve parêntese. Não vou citar a cavadinha “fail” do Neymar porque acredito que em um momento destes o jogador tem duas opções: ser taxado de incompetente ou genial. O goleiro simplesmente “marcou um gol” em Neymar. Mérito do arqueiro e não incapacidade do santista).


Outro exemplo claro desta imaturidade aconteceu hoje e ganhou espaço na mídia. Em uma brincadeira realizada através da TwitCam, uma espécie de Webcam, alguns jogadores do Santos, como o meia Madson e o goleiro Felipe, se desentenderam com outros que estavam na concentração do clube, como Robinho e Neymar, que não gostaram da exposição dos atletas na internet. Tudo bem que, apesar de estar às vésperas de uma final de Copa do Brasil, o Santos dificilmente perderá para o fraco time do Vitória, mas causar um desentendimento no grupo por uma bobeira deste tipo é o maior exemplo da “infantilidade ruim” dos promissores jogadores.


É verdade que esperamos muito destes atletas, mas porque eles nos fizeram acreditar, com toda a genialidade possível, que ainda existe futebol bonito no Brasil. Que ainda há chance de salvar o esporte do pragmatismo e dos esquemas recheados de volantes de contenção. Eu espero que, com o tempo, os meninos do Santos aprendam que o craque só se forma e mantém o seu status com futebol e maturidade. É preciso tomar a decisão certa, na hora certa, e saber administrar a carreira. O que mais vemos atualmente são jovens jogadores tomando decisões afobadas, prematuras e deixando o dinheiro e a fama subirem à cabeça. Eu realmente espero que os meninos do Santos me provem que são uma exceção à regra.